segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Como Narrar Histórias


Como Narrar Histórias

Podemos narrar algumas histórias japonesas em vários níveis.
Para as crianças, contando da forma mais infantil possível; para um pré-adolescente sendo um pouco mais severo, esclarecendo que podemos receber boas reciprocidades ou não, expressando-se de uma forma suave, mas carregada com um pouco mais de severidade.

Para um adolescente, já apresentando a história com um tom mais grave, o que fizeres aqui também reflete lá, algo como esta sentença: “o que semeares, colherás multiplicado.”

Para o adulto, precisamos ser o mais severo possível, porque de outro modo não surtirá aquele efeito desejado.
 
O educador deve ter cuidado e bom senso, para saber dosar, e assim, não gerar insegurança ou medo nas crianças.


Seria como um botão de rosa; ele deve desabrochar naturalmente, caso contrário,
virá a prejudicar ou até danificar todo o seu desabrochar.


                                             Escrito Por: Yoshio Nouchi

UrashimaTaro

UrashimaTaro
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“Há muito, muito tempo, havia um jovem pescador que vivia no litoral. Seu nome era Urashima Taro.

Um dia, enquanto caminhava ao longo da praia, ele viu que alguns meninos tinham apanhado uma grande tartaruga do mar. Eles estavam importunando e espetando a tartaruga com varetas.

Taro tinha um coração muito bondoso, e odiava ver pessoas sendo cruéis com os animais. Por isso, ele disse: - Meninos, por favor, deixem a tartaruga ir embora. Ela não faz mal a ninguém, e vocês não deviam ser malvados com ela. Tratem de levá-lade volta ao mar.

Os meninos ficaram envergonhados de si mesmos. Eles colocaram a tartaruga de volta na água e a observaram nadar, feliz, para longe.

Muitos dias depois, Taro estava novamente caminhando pela praia quando ouviu uma voz dizendo:

- Taro! Taro!

Ele olhou ao redor, mas não pode ver ninguém.

- Quem está me chamando? – perguntou.

- Aqui estou – disse a voz vinda do mar. Quem falava era uma tartaruga que vinha rastejando na areia.

- Sou a tartaruga que você salvou outro dia. Quando retornei ao palácio no fundo do mar, contei à Princesa do Mar o que você tinha feito. Isso a deixou muito feliz, e ela me pediu para que eu o levasse ao seu encontro.

- Sempre quis visitar o fundo do mar – respondeu Taro, que subiu na carapaça da tartaruga e foi carregado velozmente até muito fundo, onde ficava o grande palácio, nas profundezas do mar.

- Taro, você foi muito bondoso com meu servo, a tartaruga – disse a princesa. – Eu queria lhe agradecer, por isso pedi que a tartaruga o trouxesse até aqui. Por favor, seja meu amigo e esteja no meu palácio para sempre. Nós seremos muito felizes, e você poderá ter tudo o que desejar.

Taro acabou ficando no palácio com a Princesa do Mar. No início, comeu pratos maravilhosos, viu coisas incríveis, e estava muito feliz. Mas, depois de um período que lhe pareceu durar poucos dias, começou a sentir saudades de casa e de seus amigos da superfície.

Ele ficou pensando sobre como estavam seu pai e sua mãe.

- Tenho sido muito feliz aqui, mas quero voltar à terra e ver meu lar e meus amigos. Por favor, me leve de volta à minha terra.

- Está bem, Taro – respondeu a princesa. – Se você está determinado a ir, 
o levarei de volta. Mas fico triste por vê-lo partir. Nós temos sido tão felizes juntos! Como recordação de sua visita, darei a você esta bela caixa. Enquanto a possuir, poderá voltar para me visitar sempre que quiser. Porém, Taro, nunca abra, jamais! Se a abrir, nunca mais poderá voltar aqui. Não abra a caixa.

Taro pegou a caixa, agradeceu a princesa pelo período fantástico que passou no fundo do mar, subiu na carapaça da tartaruga e rumou de volta para casa.

Ao chegar à praia, a vila tinha mudado. Ele não podia nem mesmo encontrar sua própria casa. Foi então que perguntou a algumas pessoas na praia:

- Onde fica a casa de Urashima Taro, e onde estão seus pais?

- Meu jovem, por que você pergunta sobre coisas que aconteceram há muitos e muitos anos? Urashima Taro se afogou há tanto tempo que muitos de nós nem mesmo éramos nascidos. Que estranho você não saber disso!

Taro estava intrigado. Como era possível? Ele era o mesmo, ou pelo menos assim pensava, mas as pessoas e o local eram diferentes. Será que o segredo desse mistério estaria na caixa que a Princesa do Mar havia lhe dado? Ele pensou sobre isso por algum tempo e depois, finalmente, decidiu abrir a caixa, apesar de a Princesa do Mar tê-lo avisado para que nunca o fizesse.

Taro retirou a tampa, e uma estranha fumaça branca saiu da caixa e o envolveu. Ele tocou sua face, e descobriu que estava toda enrugada e que possuía uma longa barba branca. Sem se dar conta, ele havia passado muitos e muitos anos no fundo do mar, e não apenas alguns dias.

A caixa mágica conservara-lhe sempre jovem, mas agora a fumaça vinda da caixa o transformara no homem velho que realmente era. Seus amigos tinham partido, e uma vez aberta a caixa, ele jamais poderia retornar ao palácio da Princesa do Mar. Taro ficou chorando na praia.”

(Obs.: Texto extraído do livro: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 02, 2005, pg. 31, Editora JCC.)


Análise do texto:

A história nos ensina que há muito tempo, habitávamos uma região onde era o ponto extremo de um reino, onde ele tocava de leve o início de outros reinos inferiores ou planícies.

Para a possibilidade de crescimento, não era possível ascender a novos planaltos superiores, sem antes colher vivência e aprendizado, peregrinando pela Criação, onde para transpor um grande Reino para outro, seria conduzido carinhosamente por servos do Altíssimo, transpondo reinos intermediantes até chegar a parte mais afastada e pesada da Criação.

Só nesta região longínqua seria possível servir de tudo aquilo que era útil para o nosso próprio progresso.

Continuamente deveria empreender um esforço sincero para o reconhecimento das leis eternas da Criação, e trabalhar para promover o bem, assim fazendo desabrochar todas as capacidades latentes da nossa origem.

Devemos nos manter vigilantes e alertas para não cairmos nos engodos dos falsos ensinamentos que semeiam a tentação, e evitando que se caia nas garras do falso príncipe, princesa e de seus súditos, onde eles pregam ruína dos espíritos humanos, baseado numa vida faustosa de gozo, prazeres terrenos e outros, apagando assim, definitivamente as lembranças da terra natal.

Se não empreendermos todos os esforços, correremos sérios riscos, e quando despertarmos no último instante, o nosso espírito já se encontrando velho e cansado, não teria mais forças para encontrar o caminho de volta, perdendo assim a finalidade da própria existência.

Urashima Taro, uma mensagem de grande valor espiritual, para cada um de nós.

  Escrito por: Yoshio Nouchi

Como Surgiu Esse Link II


Como Surgiu Esse Link II

No ano de 2007, numa reunião com o grupo de jovens antes do ensaio semanal do Taiko (Tambor Japonês), levei um livro das histórias para crianças japonesas, já traduzido na versão em Português. Me recordo de ter contado duas histórias deste livro, e todos se encontravam sentados em círculo, num canto da quadra de esporte.
Fui contando normalmente, como manda uma leitura didática ou como o raciocínio já sabe fazê-lo.
Após passar algumas horas, veio a surpresa; intuitivamente me despertou esta vontade de contá-las. Essas histórias têm um profundo valor, se analisarmos com calma, podemos extrair todo o valor contido nestas Profecias e Revelações, que chegou a posteridade na forma de conceito.
Creio que algumas centenas de anos atrás, deve ter passado nestas regiões um poeta muito inspirado que tinha capacidade de haurir de puras fontes, ou um mediador do Altíssimo, para alertá-lo de que o proceder daquela época iria influenciar nos fios do destino de cada um, sendo que o nosso proceder atual também irá influenciar nos nossos caminhos e destino futuro.
Daí surgiu o desejo de me aprofundar nas leituras dos livros infantis.
Só agora, conseguindo disponibilizar tempo, estou reiniciando esse trabalho e assim, divulgando a outras pessoas.
Assim, espero estar contribuindo para despertar aqueles que anseiam pela Verdade, mesmo sabendo que para os tempos atuais, estas Profecias e Revelações entoam meio estranhas e desajeitadas.       

                                                                                   
 Escrito Por: Yoshio Nouchi

Voltar a Simplicidade


Voltar a Simplicidade


Vamos tomar um exemplo bem conhecido de história para as crianças, em que dois personagens têm como objetivo a bandeirada de chegada. O primeiro costuma ver a estrada como algo normal, não se importando com a poeira, ou a lama, tratando todos esses fatores que estão à sua frente como algo natural, e ainda apreciando cada detalhe, cada novidade com serenidade ou entusiasmo, e assim, por mais longe e difícil que seja, podemos concluir que ele vai chegar à reta final.
Se o segundo olha a caminhada com diversas formas de pensamentos, talvez, como quem não pode perder tempo, atuando sempre na correria, atropelando outros fatores que poderiam enriquecer o eu interior, como se o tempo significasse apenas um fator para acumular riqueza ou ganhar prestígio, e ainda olhando com arrogância e presunção aqueles que vêem a caminhada com simplicidade;  é muito provável que este segundo personagem não vá aproveitar a vida naquela finalidade que foi desejada para cada um.

Assim, podemos concluir que a corrida do coelho e da tartaruga, hoje muito comum na cultura de vários povos, é um alerta e um ensinamento para o nosso proceder terreno e espiritual.
 
O primeiro, apesar do seu lento mas contínuo esforço, pode receber a bandeirada de chegada, ou podemos dizer, sem presunção no pensar e na sua forma simples de atuar, valorizando cada passo, que chegou ao destino.
O outro, com excesso de vaidade e com várias formas de pensamentos, apenas supôs que já estava lá, mas no fim, perdeu a corrida.

Conosco, seres humanos, acontece a mesma coisa; se ficarmos supondo que ainda temos muito tempo, que podemos aguardar e refrescar debaixo de uma boa sombra, ou que podemos ficar olhando com arrogância em relação ao próximo, estamos sim, perdendo tempo precioso nesta longa caminhada pela vida, e a bandeira de chegada, não será agitada para todos.

Assim, podemos deduzir que todos os povos foram alertados, não havendo um que deixou de receber algumas mensagens neste teor de auxílio e advertência.                                      

Voltar a atuar na simplicidade, na pureza dos pensamentos, hoje se tornou difícil para muitos, a vaidade e essa mania de presumir sobre tudo, exclui a possibilidade de compreender toda a grandeza contida na Criação.
                                                                           


Escrito por: Yoshio Nouchi