segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

UrashimaTaro

UrashimaTaro
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“Há muito, muito tempo, havia um jovem pescador que vivia no litoral. Seu nome era Urashima Taro.

Um dia, enquanto caminhava ao longo da praia, ele viu que alguns meninos tinham apanhado uma grande tartaruga do mar. Eles estavam importunando e espetando a tartaruga com varetas.

Taro tinha um coração muito bondoso, e odiava ver pessoas sendo cruéis com os animais. Por isso, ele disse: - Meninos, por favor, deixem a tartaruga ir embora. Ela não faz mal a ninguém, e vocês não deviam ser malvados com ela. Tratem de levá-lade volta ao mar.

Os meninos ficaram envergonhados de si mesmos. Eles colocaram a tartaruga de volta na água e a observaram nadar, feliz, para longe.

Muitos dias depois, Taro estava novamente caminhando pela praia quando ouviu uma voz dizendo:

- Taro! Taro!

Ele olhou ao redor, mas não pode ver ninguém.

- Quem está me chamando? – perguntou.

- Aqui estou – disse a voz vinda do mar. Quem falava era uma tartaruga que vinha rastejando na areia.

- Sou a tartaruga que você salvou outro dia. Quando retornei ao palácio no fundo do mar, contei à Princesa do Mar o que você tinha feito. Isso a deixou muito feliz, e ela me pediu para que eu o levasse ao seu encontro.

- Sempre quis visitar o fundo do mar – respondeu Taro, que subiu na carapaça da tartaruga e foi carregado velozmente até muito fundo, onde ficava o grande palácio, nas profundezas do mar.

- Taro, você foi muito bondoso com meu servo, a tartaruga – disse a princesa. – Eu queria lhe agradecer, por isso pedi que a tartaruga o trouxesse até aqui. Por favor, seja meu amigo e esteja no meu palácio para sempre. Nós seremos muito felizes, e você poderá ter tudo o que desejar.

Taro acabou ficando no palácio com a Princesa do Mar. No início, comeu pratos maravilhosos, viu coisas incríveis, e estava muito feliz. Mas, depois de um período que lhe pareceu durar poucos dias, começou a sentir saudades de casa e de seus amigos da superfície.

Ele ficou pensando sobre como estavam seu pai e sua mãe.

- Tenho sido muito feliz aqui, mas quero voltar à terra e ver meu lar e meus amigos. Por favor, me leve de volta à minha terra.

- Está bem, Taro – respondeu a princesa. – Se você está determinado a ir, 
o levarei de volta. Mas fico triste por vê-lo partir. Nós temos sido tão felizes juntos! Como recordação de sua visita, darei a você esta bela caixa. Enquanto a possuir, poderá voltar para me visitar sempre que quiser. Porém, Taro, nunca abra, jamais! Se a abrir, nunca mais poderá voltar aqui. Não abra a caixa.

Taro pegou a caixa, agradeceu a princesa pelo período fantástico que passou no fundo do mar, subiu na carapaça da tartaruga e rumou de volta para casa.

Ao chegar à praia, a vila tinha mudado. Ele não podia nem mesmo encontrar sua própria casa. Foi então que perguntou a algumas pessoas na praia:

- Onde fica a casa de Urashima Taro, e onde estão seus pais?

- Meu jovem, por que você pergunta sobre coisas que aconteceram há muitos e muitos anos? Urashima Taro se afogou há tanto tempo que muitos de nós nem mesmo éramos nascidos. Que estranho você não saber disso!

Taro estava intrigado. Como era possível? Ele era o mesmo, ou pelo menos assim pensava, mas as pessoas e o local eram diferentes. Será que o segredo desse mistério estaria na caixa que a Princesa do Mar havia lhe dado? Ele pensou sobre isso por algum tempo e depois, finalmente, decidiu abrir a caixa, apesar de a Princesa do Mar tê-lo avisado para que nunca o fizesse.

Taro retirou a tampa, e uma estranha fumaça branca saiu da caixa e o envolveu. Ele tocou sua face, e descobriu que estava toda enrugada e que possuía uma longa barba branca. Sem se dar conta, ele havia passado muitos e muitos anos no fundo do mar, e não apenas alguns dias.

A caixa mágica conservara-lhe sempre jovem, mas agora a fumaça vinda da caixa o transformara no homem velho que realmente era. Seus amigos tinham partido, e uma vez aberta a caixa, ele jamais poderia retornar ao palácio da Princesa do Mar. Taro ficou chorando na praia.”

(Obs.: Texto extraído do livro: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 02, 2005, pg. 31, Editora JCC.)


Análise do texto:

A história nos ensina que há muito tempo, habitávamos uma região onde era o ponto extremo de um reino, onde ele tocava de leve o início de outros reinos inferiores ou planícies.

Para a possibilidade de crescimento, não era possível ascender a novos planaltos superiores, sem antes colher vivência e aprendizado, peregrinando pela Criação, onde para transpor um grande Reino para outro, seria conduzido carinhosamente por servos do Altíssimo, transpondo reinos intermediantes até chegar a parte mais afastada e pesada da Criação.

Só nesta região longínqua seria possível servir de tudo aquilo que era útil para o nosso próprio progresso.

Continuamente deveria empreender um esforço sincero para o reconhecimento das leis eternas da Criação, e trabalhar para promover o bem, assim fazendo desabrochar todas as capacidades latentes da nossa origem.

Devemos nos manter vigilantes e alertas para não cairmos nos engodos dos falsos ensinamentos que semeiam a tentação, e evitando que se caia nas garras do falso príncipe, princesa e de seus súditos, onde eles pregam ruína dos espíritos humanos, baseado numa vida faustosa de gozo, prazeres terrenos e outros, apagando assim, definitivamente as lembranças da terra natal.

Se não empreendermos todos os esforços, correremos sérios riscos, e quando despertarmos no último instante, o nosso espírito já se encontrando velho e cansado, não teria mais forças para encontrar o caminho de volta, perdendo assim a finalidade da própria existência.

Urashima Taro, uma mensagem de grande valor espiritual, para cada um de nós.

  Escrito por: Yoshio Nouchi

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