quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O Pilão Mágico



O Pilão Mágico


“Era uma vez dois irmãos que viviam juntos em um pequeno vilarejo. O irmão mais velho trabalhava duro o tempo todo, porém o mais novo era muito preguiçoso e não procurava nada para fazer. Um dia, o irmão mais velho foi em direção as montanhas em busca de trabalho. Enquanto caminhava, um homem idoso surgiu à frente dele e lhe deu um pilão feito de pedra, do tipo usado para triturar arroz ou moer trigo para fazer farinha.

- Este é um pilão mágico que dará a você qualquer coisa que deseje – contou o homem.

Feliz da vida, o irmão mais velho correu para casa com o pilão, gritando:

- Por favor, me dê arroz. Precisamos de arroz – falando desse modo, ele enfiou o socador no pilão. De uma só vez surgiram muitos e muitos quilos de arroz. Havia tanto arroz que ele distribuiu para todo o vilarejo.

- Isso é maravilhoso! Será de grande ajuda, muito obrigado! – disseram os aldeões, que estavam muito felizes. Todos menos o irmão preguiçoso.

- Eu gostaria de ter esse pilão. Poderia usá-lo muito melhor – resmungou para si mesmo.

Um dia, ele roubou o pilão mágico e fugiu.

- Ninguém conseguirá me alcançar se eu puder chegar até o oceano – pensou, enquanto corria para o mar.

Quando chegou ao mar, o irmão preguiçoso encontrou um pequeno barco a remo. Ele o pegou e remou com toda a força em direção ao alto mar. Logo estava muito distante, bem no meio das ondas grandes.

- Já sei! Gostaria de ter um monte de bolinhos doces e deliciosos – pediu o jovem enquanto batia com o socador dentro do pilão.

- Puxa! Como são bons! E que monte de bolinhos eu consegui!
O irmão preguiçoso comeu todos os bolinhos de arroz. Eram tantos, e tão doces, que ele começou a sentir vontade de comer algo salgado para tirar o sabor doce da boca.

Então, enfiou o socador dentro do pilão novamente e ordenou:

- Desta vez, mê de sal. Quero sal! Quero sal!

E assim o sal saiu aos montes do pilão, muito branquinho e brilhante. E continuou vindo e vindo.

- Já basta! – gritou ele. - Tenho o suficiente. Pare!

Mas o sal continuou vindo e vindo, e o barco começou a afundar.
Quando o irmão afundou com o barco, ele ainda gritava:

- Já basta! Já basta!

Mas o pilão continuou produzindo mais e mais sal, mesmo no fundo do oceano, e continua isso até hoje. É por isso que a água do mar é salgada.” 


Obs.: Livro de consulta: As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas, Livro 02, 2005, pág. 06, Editora JBC. 

Análise do texto:

Em outras palavras, quem se esforça e procura conhecer a Verdade, irá vivenciar dentro de si, onde todas as dúvidas da Criação passarão a ser esclarecidas, assim, passando a atuar construtivamente.

Recebendo conscientemente, poderá trabalhar distribuindo verdadeiramente aos outros, e no caso da história, a fartura do arroz simboliza a fartura do saber espiritual.

E o irmão mais novo era muito preguiçoso, e não procurava nada para fazer, preferindo ficar no sopé da montanha, que na sua indolência espiritual, não estava disposto a se movimentar, procurando sempre o caminho mais fácil, e se possível, reivindicar as riquezas do Paraíso Espiritual, de uma forma mais cômoda possível.

O mesmo texto nos traz um segundo ensinamento de que não devemos nos apropriar indevidamente de uma mensagem elevada ou uma mensagem do Altíssimo, utilizando apenas para fins impuros e egoístas, ou para atender as nossas fraquezas e a nossa vaidade.

O afundar no mar, significa que ele deixou de existir e atuar conscientemente nesta vida terrena pesada e no mundo mais fino.

Esta história dos dois irmãos é um alerta, no qual o irmão mais novo se julgou pelo seu próprio proceder.Uma advertência, para que nossos nomes não sejam apagados do livro da vida.


                                               Escrito por: Yoshio Nouchi 

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